6h12'
Instalação realizada na beira do canal da viúva na praia do Patacho em Alagoas, com pedaços de madeira de uma antiga armadilha para peixes. O canal da viúva é uma conexão entre as piscinas naturais na beira da praia e o alto mar e é utilizado pelos pescadores da região como trajeto de saída e retorno da pesca. O canal é temido por muitos locais pela profundidade e força das águas e já deixou algumas viúvas. A instalação foi feita em cerca de uma hora no auge da maré seca e permaneceu de pé por no máximo 6 horas e 12 minutos que é o tempo da troca da maré.
Fotos Isabel Pimenta
canto
em que ar é vento e não cansa
e sopra
e canta
e nos põe a estar
canto
em que tempo é mar: por maré
nesse vem e vaza de cada quarto de dia
tal fêmea que é, o mar, por lua, pulsa e dança:
haja água no preamar inundando de sal esse lado de cá
e quando baixa, no baixa-mar, pra onde vai?
áfrica?
quem sabe, não conta
mas canta a lenda que é pelo canal que ela vai e volta:
a maré e as gentes (pescadores ou não)
os daqui gritam quando um de nós rema por lá:
“a menina não voltou” chorou maria
“chama canal da viúva, por motivo” sorriu-se (pois fala sorrindo) pedro
sarava iemanjá,
minha mãe, velho moreira,
a menina de maria, a viúva da lenda de pedro: licença, vou ao mar brincar com pau
por de jeito tal só pro mar vir derrubar
se firme, segura por um tanto de seis horas e doze minutos, nunca mais
mas não por isso
se em balanço, o próprio vento faz a vez
mas não por isso:
assim também dança todo o resto
obs que não coube no poema: vez por outra penso em filipinho e tenho infância